Inclusão

Inclusão

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Escola inclusiva: Cada um corre do jeito que pode.


Caro leitor,
O interessante e reflexivo texto abaixo, foi escrito pelo educador e escritor Rubem Alves.
“Há escolas que são gaiolas, há escola que são asas”
Havia crianças com síndrome de Down. E todas elas trabalhavam com a mesma concentração que as outras crianças. Pareciam-me integradas nas tarefas escolares, como as crianças ditas “normais”. Perguntei ao diretor sobre o segredo daquele milagre. Ele me deu uma resposta curiosa. Não me citou teorias psicológicas sobre o assunto. Sugeriu-me ler um incidente do livro Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carroll. Fazia muitos anos que eu lera aquele livro. E eu o lera como literatura do absurdo, coisa para crianças.
Alice, seduzida por um coelho que carregava um relógio, seguiu-o dentro de um buraco que, sem que ela disso suspeitasse, era a entrada de um mundo fantástico. De repente, ela se viu dentro de um mundo completamente desconhecido e maluco, com o chapeleiro e o gato que ria.
No incidente que nos interessa, encontramos Alice e seus amigos completamente molhados -haviam caído dentro de um tanque. Agora, tinham um problema comum a resolver: ficar secos. O que fazer?
A turma da Alice, que era formado pelo pássaro Dodô -esse pássaro existiu de verdade, mas foi extinto-, um rato, um caranguejo, uma marmota, um pombo, uma coruja, uma arara, um pato, um macaco, todos diferentes, cada um do jeito como seu corpo determinava, todos eles pensando numa coisa só: o que fazer para ficar secos.
O pássaro Dodô sugeriu uma corrida. Correndo o corpo esquenta e fica seco. Mas Alice queria saber das regras. O pássaro Dodô explicou:
“Primeiro marca-se o caminho da corrida, num tipo de círculo (a forma exata não tem importância), e então os participantes são todos colocados em lugares diferentes, ao longo do caminho, aqui e ali. Não tem nada de ‘”um, dois, três, já’. Eles começam a correr quando lhes apetece e abandonam a corrida quando querem, o que torna difícil dizer quando a corrida termina.”
Alice no país das maravilhasNotem a desordem: um círculo de forma inexata, os participantes são colocados em lugares diferentes, aqui e ali, e não tem “um, dois, três, já”, começam a correr quando lhes apetece e abandonam a corrida quando querem.
Assim, a corrida começou. Cada um corria do jeito que sabia: pra frente, pra trás, pros lados, aos pulinhos, em zigue-zague… Depois que haviam corrido por mais ou menos meia hora, o pássaro Dodô gritou: “A corrida terminou!” Todos se reuniram ao redor do Dodô e perguntaram: “Quem ganhou?”. “Todos ganharam”, disse Dodô. “E todos devem ganhar prêmios.”
Acho que o Lewis Carroll estava expondo, de forma humorística, as suas ideias para a reforma dos currículos da Universidade de Oxford, ideias essas que ele não tinha coragem de tornar públicas, por medo de perder seu lugar de professor de matemática.
“Curriculum”, no latim, quer dizer “corrida”, “lugar onde se corre”. Uma corrida, para fazer sentido, tem de ser entre iguais, não faz sentido por araras, ratos e caranguejos correndo juntos. Não faz sentido colocar os “diferentes” a correr junto com os “iguais” Aquilo a que se dá o nome de integração em nossas escolas é colocar os “portadores de deficiência” correndo a mesma corrida dos chamados de “normais”. Nessa corrida, os “deficientes” estão condenados a perder. A corrida do pássaro Dodô é diferente: cada um corre do jeito que sabe e pode, todos ganham e todos recebem prêmios…
Fonte: http://portal.aprendiz.uol.com.br/
 

Pedagoga cadeirante sofre constrangimento em Casa de show


Deficientes poderão ganhar o direito de ingressar com acompanhante em eventos culturais e esportivos em Natal
O constrangimento vivido pela estudante de pedagogia Clarissa dos Anjos Melo, 23, há 15 dias em uma grande casa de shows de Natal, poderá ser considerado ilegal por causa de uma lei municipal que já existe em outras cidades brasileiras. Na semana passada, os vereadores Ney Lopes Júnior (DEM) e Assis Oliveira (PR) apresentaram um projeto de lei na Câmara Municipal do Natal, que garante ao acompanhante de pessoas portadoras de deficiência que façam uso de cadeiras de rodas o acesso gratuito a eventos culturais e esportivos. Atualmente, o projeto está em análise na Comissão de Constituição e Justiça, em seguida irá para as comissões temáticas e deverá ser aprovado em duas discussões, antes da sanção pela prefeita Micarla de Sousa (PV).
O fato inspirador da lei aconteceu no Teatro Riachuelo, uma hora antes do início da peça “Não existe mulher difícil”, com o ator Marcelo Serrado. Tetraplégica, Clarissa dos Anjos não consegue se locomover sem ajuda de um acompanhante. Clarissa, sua irmã Camila e o noivo desta, na condição de acompanhante, foram ao teatro assistir a uma peça. O acesso gratuito do acompanhante já tinha sido franqueado pela casa de espetáculos em três outras oportunidades.
Surpreendida pela negativa da semana passada, a jovem cadeirante teve uma crise de choro. “Como eu estava distante da bilheteria, gritei pra ver se o gerente me ouvia e me atendia, e fiquei nervosa porque eu queria ver a peça. Fiquei chateada e depois, chorei”, disse Clarissa. O comportamento da estudante causou comoção nas outras pessoas que se encontravam no terceiro piso do Midway Mall.
Teoricamente Clarissa teria direito à lei porque não ocupa nenhum assento do teatro, e sim assiste ao espetáculo em sua própria cadeira. “Nós insistimos. Eles informaram à gente que ela teria que pagar ingresso e que a cadeira ficaria vazia do lado dela. Conversamos com vários funcionários, em vão. Até essa informação chegar pra gente passou-se uma hora. Como não conseguimos entrar, fomos embora”,declarou a irmã de Clarissa, Camila dos Anjos Melo, administradora de empresas.
Inspirado na ocorrência, os vereadores elaboraram um projeto de lei que garante a todo portador de deficiência, que necessite de cadeira de rodas, a gratuidade do ingresso para seu respectivo acompanhante em eventos culturais, esportivos e de entretenimento, organizados por pessoas de direito público, privado e/ou filantrópico. “O cidadão que tem algum tipo de deficiência é um cidadão como outro qualquer, e muitas vezes eles precisam que o poder público e privado possibilitem meios para mais acessibilidade. Não há diferenças. É comum que esses direitos, bem como dos idosos, mulheres, sejam negados”, ressaltou um dos autores do PL, o vereador Ney Lopes Júnior.
Segundo o vereador, o acompanhante está ali para que possa ser garantido o direito de se locomover do cadeirante. “Ele só irá a qualquer espetáculo se tiver ajuda de alguém, e não pode pagar em dobro em detrimento de um cidadão que tem direito”. Uma das preocupações dos autores da lei é com o mau uso do futuro benefício. “O ingresso do acompanhante é pessoal e intransferível. Essa medida tem objetivo de evitar má-fé, pessoas que se aproveitem dos cadeirantes e queiram entrar nos eventos gratuitamente”, explicou Ney Júnior.
Fonte: http://www.diariodenatal.com.br

Cartilhas esclarecem sobre isenção de veículo, habilitação e atendimento a pessoas com deficiência

Caro leitor,
A matéria abaixo foi extraída do site Secretaria dos Direitos da Pessoa com Deficiência.
A Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência oferece duas cartilhas voltadas a interesses específicos de pessoas com deficiência. Uma delas é “CARTILHA DE ORIENTAÇÃO PARA ISENÇÃO DE IMPOSTOS E HABILITAÇÃO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA”.
Esta publicação é um guia que aborda a relação da pessoa com deficiência com o carro. Permite a ela deslocar-se com independência nas cidades e estradas – como motorista, ou facilitada pela condução de familiares no caso de estar impedida de dirigir por causa de sua condição.
“A visibilidade social das pessoas com deficiência é um dos fatores essenciais para a sua inclusão. No trânsito dos grandes centros urbanos, ela pode ser também um fator de diminuição da agressividade na forma de dirigir e de humanização das relações entre motoristas”, destaca sua introdução.
Com este Guia, a Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência oferece a sua contribuição para desenhar um “trânsito cidadão”.
A outra publicação é a “CARTILHA DE ORIENTAÇÃO PARA O ATENDIMENTO À PESSOA COM DEFICIÊNCIA”. É dirigida a todos os profissionais que trabalham em estabelecimentos localizados ao longo das rodovias do Estado de São Paulo. E também aos proprietários de postos de abastecimento de combustível e serviços como borracharia e autoelétrico, restaurantes, shopping centers, áreas de diversão, lazer e  demais negócios que se desenvolvem nos roteiros que ligam a capital às cidades do interior.
Foi desenvolvida com o objetivo de levar orientação especializada para atendimento de pessoas com deficiência que viajam nesses roteiros – como passageiros ou condutores de automóveis adaptados (para permitir a dirigibilidade em segurança de motoristas que também possuem deficiências). Há informações sobre tipos de deficiência, fatores de ocorrência, estatísticas e legislação de proteção aos direitos das pessoas com deficiência.
Acesse o site Secretaria dos Direitos da Pessoa com Deficiência e baixe as cartilhas.
Veja:

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Notícias

       

Escolas terão R$ 100 milhões para melhorar acessibilidade

Apenas 20% das escolas públicas de educação básica atendem critérios de acessibilidade a estudantes com deficiência. Dados do Censo Escolar de 2010 apontam quase 500 mil desses estudantes matriculados em unidades de ensino regular. Para adequá-las às necessidades dos alunos, o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) vai repassar recursos de R$ 100 milhões a 3.433 municípios.      

Os recursos destinam-se, prioritariamente, à promoção da acessibilidade arquitetônica de 12.165 mil escolas públicas municipais, estaduais e do Distrito Federal. Podem ser aplicados, também, na aquisição de itens como cadeiras de rodas ou softwares específicos. “Trata-se de um apoio que a União oferece aos sistemas de ensino” disse a diretora de políticas de educação especial do Ministério da Educação, Martinha Clarete. “Apoio esse que está previsto em lei.”

A iniciativa tem o apoio do programa Escola Acessível. Este ano, serão atendidas as escolas que receberam sala de recursos multifuncionais em 2009 e registraram matrícula de estudantes com deficiência no Censo de 2010. Cada unidade de ensino pode receber recursos que vão de R$ 6 mil a R$ 9 mil, de acordo com o número de alunos. O dinheiro pode ser usado na aquisição de material para a construção de rampas, alargamento de portas, adequação de corredores, sanitários, bibliotecas e quadras de esportes. “Os estudantes com deficiência devem ter acesso a todas as dependências da escola”, ponderou a diretora.      

A Escola Inclusiva faz parte do Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE), que reduz a burocracia na transferência de recursos. Para recebê-los, as escolas devem elaborar plano de ações, a ser submetido à aprovação das secretarias de educação, observados os critérios e normas gerais de acessibilidade nas obras.     

(Portal MEC)
http://ceap.tecnologia.ws/site/img/bt_voltar.jpg

Para nossa reflexão!


Caro leitor,

O texto abaixo foi extraído do site Planeta Educaçãoe foi escrito por Ellen Nottohm e traduzido por Andréa Simon (Portugal).
Dez coisas que toda criança com autismo gostaria que você soubesse
1)Antes de tudo eu sou uma criança. Eu tenhoautismo. Eu não sou somente “Autista”. O meu autismo é só um aspecto do meu caráter.
Não me define como pessoa. Você é uma pessoa com pensamentos, sentimentos e talentos. Ou você é somente gordo, magro, alto, baixo, míope.
Talvez estas sejam algumas coisas que eu perceba quando conhecer você, mas isso não é necessariamente o que você é. Sendo um adulto, você tem algum controle de como se auto-define. Se quer excluir uma característica, pode se expressar de maneira diferente.
Sendo criança eu ainda estou descobrindo.Nem você ou eu podemos saber do que eu sou capaz. Definir-me somente por uma característica, acaba-se correndo o risco de manter expectativas que serão pequenas para mim.E se eu sinto que você acha que não posso fazer algo, a minha resposta naturalmente será: Para que tentar?
 2) A minha percepção sensorial é desordenada. Interação sensorial pode ser o aspecto mais difícil para se compreender o autismo.
Quer dizer que sentidos ordinários como audição, olfato, paladar, toque, sensações que passam desapercebidas no seu dia a dia podem ser doloridas para mim.
O ambiente em que eu vivo pode ser hostil para mim. Eu posso parecer distraído ou em outro planeta, mas eu só estou tentando me defender.
Vou explicar o porquê: uma simples ida ao mercado pode ser um inferno para mim: a minha audição pode ser muito sensível.
Muitas pessoas podem estar falando ao mesmo tempo, música, anúncios, barulho da caixa registradora, celulares tocando, crianças chorando, pessoas tossindo, luzes fluorescentes.
O meu cérebro não pode assimilar todas estas informações, provocando em mim uma perda de controle. O meu olfato pode ser muito sensível.
O peixe que está à venda na peixaria não está fresco. A pessoa que está perto pode não ter tomado banho hoje. O bebê ao lado pode estar com uma fralda suja.O chão pode ter sido limpo com amônia. Eu não consigo separar os cheiros e começo a passar mal. Porque o meu sentido principal é o visual.
Então, a visão pode ser o primeiro sentido a ser super-estimulado. A luz fluorescente não é somente muito brilhante, ela pisca e pode fazer um barulho.
O quarto parece pulsar e isso machuca os meus olhos. Esta pulsação da luz cobre tudo e distorce o que estou vendo. O espaço parece estar sempre mudando.
Eu vejo um brilho na janela, são muitas coisas para que eu consiga me concentrar. O ventilador, as pessoas andando de um lado para o outro… Tudo isso afeta os meus sentidos e agora eu não sei onde o meu corpo está neste espaço.
 3) Por favor, lembre de distinguir entre não poder (eu não quero fazer) e eu não posso (eu não consigo fazer) Receber e expressar a linguagem e vocabulário pode ser muito difícil para mim.
Não é que eu não escute as frases. É que eu não te compreendo.Quando você me chama do outro lado do quarto, isto é o que eu escuto “BBBFFFZZZZSWERSRTDSRDTYFDYT João”.
Ao invés disso, venha falar comigo diretamente com um vocabulário simples: “João, por favor, coloque o seu livro na estante. Está na hora de almoçar”. Isso me diz o que você quer que eu faça e o que vai acontecer depois. Assim é mais fácil para compreender.
 4) Eu sou um “pensador concreto” (CONCRETE THINKER). O meu pensamento é concreto, não consigo fazer abstrações.Eu interpreto muito pouco o sentido oculto das palavras.
É muito confuso para mim quando você diz “não enche o saco”, quando o que você quer dizer é “não me aborreça”. Não diga que “isso é moleza, é mamão com açúcar” quando não há nenhum mamão com açúcar por perto e o que você quer dizer é que isso e algo fácil de fazer.Gírias, piadas, duplas intenções, paráfrases, indiretas, sarcasmo eu não compreendo.
 5) Por favor, tenha paciência com o meu vocabulário limitado.Dizer o que eu preciso é muito difícil para mim, quando não sei as palavras para descrever o que sinto.
Posso estar com fome, frustrado, com medo e confuso, mas agora estas palavras estão além da minha capacidade, do que eu possa expressar. Por isso, preste atenção na linguagem do meu corpo (retração, agitação ou outros sinais de que algo está errado).
Por outro lado, posso parecer como um pequeno professor ou um artista de cinema dizendo palavras acima da minha capacidade na minha idade. Na verdade, são palavras que eu memorizei do mundo ao meu redor para compensar a minha deficiência na linguagem.
Por que eu sei exatamente o que é esperado de mim como resposta quando alguém fala comigo. As palavras difíceis que de vez em quando falo podem vir de livros, TV, ou até mesmo serem palavras de outras pessoas. Isto é chamado de ECOLALIA. Não preciso compreender o contexto das palavras que estou usando. Eu só sei que devo dizer alguma coisa.
6) Eu sou muito orientado visualmente porque a linguagem é muito difícil para mim.Por favor, me mostre como fazer alguma coisa ao invés de simplesmente me dizer. E, por favor, esteja preparado para me mostrar muitas vezes. Repetições consistentes me ajudam a aprender.
Um esquema visual me ajuda durante o dia-a-dia. Alivia-me do stress de ter que lembrar o que vai acontecer. Ajuda-me a ter uma transição mais fácil entre uma atividade e outra. Ajuda-me a controlar o tempo, as minhas atividades e alcançar as suas expectativas.
Eu não vou perder a necessidade de ter um esquema visual por estar crescendo. Mas o meu nível de representação pode mudar. Antes que eu possa ler, preciso de um esquema visual com fotografias ou desenhos simples. Com o meu crescimento, uma combinação de palavras e fotos pode ajudar mais tarde a conhecer as palavras.
 7) Por favor, preste atenção e diga o que eu posso fazer ao invés de só dizer o que eu não posso fazer. Como qualquer outro ser humano não posso aprender em um ambiente onde sempre me sinta inútil, que há algo errado comigo e que preciso de CONSERTO.
Para que tentar fazer alguma coisa nova quando sei que vou ser criticado? Construtivamente ou não é uma coisa que vou evitar. Procure o meu potencial e você vai encontrar muitos! Terei mais que uma maneira para fazer as coisas.
  Por favor, me ajude com interações sociais, pode parecer que não quero brincar com as outras crianças no parque, mas algumas vezes simplesmente não sei como começar uma conversa ou entrar na brincadeira. Se você pode encorajar outras crianças a me convidarem a jogar futebol ou brincar com carrinhos, talvez eu fique muito feliz por ser incluído.
Eu sou melhor em brincadeiras que tenham atividades com estrutura começo-meio-fim. Não sei como “LER” expressão facial, linguagem corporal ou emoções de outras pessoas. Agradeço se você me ensinar como devo responder socialmente.
Exemplo: Se eu rir quando Sandra cair do escorregador não é que eu ache engraçado. É que eu não sei como agir socialmente. Ensine-me a dizer: Você esta bem?.
 9) Tente encontrar o que provoca a minha perda de controle.Perda de controle, “chilique”, birra, mal-criação, escândalo, como você quiser chamar, eles são mais horríveis para mim do que para você. Eles acontecem porque um ou mais dos meus sentidos foi estimulado ao extremo.
Se você conseguir descobrir o que causa a minha perda de controle, isso poderá ser prevenido – ou até evitado. Mantenha um diário de horas, lugares pessoas e atividades. Você encontrar uma seqüência pode parecer difícil no começo, mas, com certeza, vai conseguir. Tente lembrar que todo comportamento é uma forma de comunicação.
Isso dirá a você o que as minhas palavras não podem dizer: como eu sinto o meu ambiente e o que está acontecendo dentro dele.
 10) Se você é um membro da família me ame sem nenhuma condição.Elimine pensamentos como “Se ele pelo menos pudesse…” ou “Porque ele não pode…” Você não conseguiu atender a todas as expectativas que os seus pais tinham para você e você não gostaria de ser sempre lembrado disso.
Eu não escolhi ser autista. Mas lembre-se que isto está acontecendo comigo e não com você. Sem a sua ajuda a minha chance de alcançar uma vida adulta digna será pequena. Com o seu suporte e guia, a possibilidade é maior do que você pensa.
Eu prometo: EU VALHO A PENA. E, finalmente três palavras mágicas: Paciência, Paciência, Paciência. Ajuda a ver o meu autismo como uma habilidade diferente e não uma desabilidade. Olhe por cima do que você acha que seja uma limitação e veja o presente que o autismo me deu.
Talvez seja verdade que eu não seja bom no contato olho no olho e conversas, mas você notou que eu não minto, roubo em jogos, fofoco com as colegas de classe ou julgo outras pessoas? É verdade que eu não vou ser um Ronaldinho “Fenômeno” do futebol.
Mas, com a minha capacidade de prestar atenção e de concentração no que me interessa, eu posso ser o próximo Einstein, Mozart ou Van Gogh. Eles também tinham autismo, uma possível resposta para Alzaheim o enigma da vida extraterrestre.
O que o futuro tem guardado para crianças autistas como eu, está no próprio futuro. Tudo que eu posso ser não vai acontecer sem você sendo a minha Base. Pense sobre estas “regras” sociais e se elas não fazem sentido para mim, deixe de lado. Seja o meu protetor seja o meu amigo e nós vamos ver até onde eu posso ir.
CONTO COM VOCÊ!!!

terça-feira, 13 de setembro de 2011

NOVOS CAMINHOS DA INCLUSÃO

Escrito por Profa Dra Rossana Regina Guimarães Ramos 

O programa de Educação Inclusiva consiste em pôr em prática um novo conceito que tem como base tornar a educação acessível a todas as pessoas e, com isso, atender às exigências de uma sociedade que vem combatendo preconceitos, discriminação, barreiras entre seres, povos e culturas.
A inclusão, em termos gerais, consiste em uma ação ampla que, sobretudo em países em que há diferenças sociais muito grandes, propõe uma educação com qualidade para todos. Na idéia de “todos” incluem-se também as pessoas com deficiências físicas e mentais. Especificamente, neste artigo, tratarei sucintamente de questões práticas e teóricas que dizem respeito à inclusão dos alunos com evidentes limitações físicas e mentais, no espaço da escola.

Um breve histórico da deficiência no mundo aponta para uma triste realidade, cujos fatos revelam um longo período de exclusão. Benjamin Rush, médico norte-americano, do final da década de 1700, foi um dos pioneiros a introduzir o conceito da educação de pessoas com deficiência. Nos Estados Unidos, até 1800, os alunos com deficiência não eram considerados dignos da educação formal.
            Ao longo do tempo, apesar de algumas iniciativas, a evolução dos programas de educação para deficientes não apresentou grandes avanços. Somente no inicio do século XX começam a surgir escolas destinadas a pessoas com necessidades especiais. Essas escolas, contudo, segregavam os deficientes pelo simples fato de serem exclusivas a estas pessoas. Em muitos lugares do mundo, surgiram escolas para surdos, cegos e portadores de outras deficiências.
 A educação pública, em uma perspectiva um pouco adiante, criou as chamadas “classes especiais” que, embora estivessem dentro de escolas regulares, eram destinadas a alunos portadores de deficiências, sobretudo, de aprendizagem.
            Somente por volta dos anos 90, com base na Psicologia e na Epistemologia Genética do psicólogo genebrino Jean Piaget, começam a ser feitas novas leituras da deficiência mental e, por conta disso, evidencia-se uma nova maneira de compreender o desenvolvimento dos portadores de deficiências mentais e/ou físicas – neste último, incluem-se os deficientes visuais e auditivos –, ou seja, daqueles que têm formas diferentes de apreensão do mundo.
            Resumidamente, a teoria de Piaget, bem como de seus seguidores versa sobre a idéia do desenvolvimento de um sujeito psicológico, individualizado, que constrói conhecimento tendo por base um outro conhecimento que vai sendo pouco a pouco sintetizado e integrado, de modo a formar esquemas sucessivos de novos conhecimentos que revelam através do tempo sua autonomia intelectual.
Esse último dado, o da autonomia intelectual, é o que se torna relevante como conhecimento, principalmente para os professores que ainda crêem que é possível se ter uma classe homogênea em que todos aprendem as mesmas coisas ao mesmo tempo.
            É preciso, portanto, em uma perspectiva didática inclusiva, considerar os diferentes modos e tempos de aprendizagem como um processo natural dos indivíduos, sobretudo, daqueles que têm evidentes limitações físicas ou mentais. 
As modernas concepções pedagógicas propõem que pensemos a aprendizagem como um processo interativo em que as trocas feitas pelos sujeitos são determinantes na construção ou reconstrução do conhecimento. Desse modo, considerando os diversos graus de potencialidade entre os indivíduos, surgem novas perspectivas como a da inclusão de pessoas com deficiências físicas e mentais no processo educacional regular.
Assim, o que antes que era explicado à luz, fundamentalmente, da Medicina, da Psicologia e da Terapêutica passa a ter novos horizontes, ou seja, os da perspectiva social. No campo de uma Pedagogia que leva em conta as interações entre os indivíduos, passam a ser incluídas pessoas com deficiências físicas e mentais que, anteriormente, estavam em classes especiais sendo submetidas a tratamentos também especiais.
O novo modo de ver a construção do conhecimento implica uma nova conduta. O modelo mental criado no âmbito da especificidade das deficiências deve ser substituído por um outro que considera as interações base da aprendizagem. Contudo, o que se faz pontual atualmente nas inclusões escolares é a dificuldade dos profissionais da Educação em modificar suas concepções em relação ao que consideram como “problema”.
Em face desta questão, cremos que os direcionamentos das capacitações de professores do ensino regular devem ter vistas para os aspectos teóricos que envolvem uma severa mudança nas concepções e procedimentos pedagógicos. Contudo, o que nos parece mais complexo nesta mudança é  o entendimento por parte dos professores de que a pessoa com deficiência no espaço da escola, deve estar incluída de forma ampla, sem nenhum tipo de tratamento especial ou conduta que possa vir a excluí-la das dinâmicas escolares.
Assim sendo, os procedimentos devem observar aspectos importantes como os que sugerimos aqui.

1.          Ter como Filosofia da Educação a base teórica construtivista que considera as diferenças na aprendizagem dos indivíduos.
2.          Conscientizar a comunidade sobre o fato de que o deficiente não vai atrapalhar a aprendizagem dos outros e sim ajudá-los a vivenciar uma nova experiência como ser humano solidário.
3.          Ter uma equipe de professores e funcionários preparada para lidar com situações inusitadas como, por exemplo, um aluno que necessita de ajuda para usar o banheiro ou outro que prefira estar a maior parte do tempo fora da sala de aula.
4.          Matricular os alunos portadores de deficiência nas classes correspondentes a sua idade cronológica para que construam, ainda que em defasagem mental, uma idade social[1].
5.          Não priorizar a aprendizagem dos conteúdos educacionais em detrimento da aprendizagem da vida.
6.          Elaborar o plano didático não mais mediante parâmetros pré-estabelecidos, mas levando em conta a realidade dos alunos da classe.
7.          Não esperar “respostas” imediatas dos alunos com deficiências.
8.          Contudo, não deixar de apresentar determinados temas ao aluno com deficiência, supondo que ele não vá “aprendê-los”.   
9.          Avaliar a aprendizagem considerando o potencial do aluno e não as exigências do sistema escolar.
10.      Em casos extremos, como alta agressividade ou passividade absoluta, solicitar à família ou aos órgãos competentes o auxílio médico.
11.      Fazer da observação atenta o seu mais importante instrumento de tomada de decisão.
12.      Não ter medo de, muitas vezes, aliar a intuição aos conhecimentos de natureza psicopedagógicas. 
Na contra-mão deste evidente avanço da ciência moderna, ainda se encontram alguns grupos de terapeutas – médicos, psicólogos, fonoaudiólogos etc – que entendem a educação do deficiente como algo isolado, tendo em vista a chamada Educação Especial. Seria o caso das escolas especiais que oferecem terapias médicas e ocupacionais a pessoas com deficiências, levando em conta as especificidades de cada um.
Não quero dizer aqui que o apoio terapêutico é totalmente desnecessário. Principalmente, em se tratando de deficiências físicas ou mentais severas, muitos indivíduos necessitam deste apoio. Todavia, o contato com um grupo de pessoas sem deficiência é um componente efetivo para o seu desenvolvimento físico e mental. Crianças deficientes que têm sido incluídas já nos primeiros anos de vida apresentam avanços significativos em relação àquelas que permanecem fora da escola regular ou em escolas especiais.
Retomando à questão da escola, especificamente à postura dos professores, podemos observar as mais diversas reações quando se trata de incluir nas escolas regulares alunos com deficiência. O que vemos é que muitos profissionais compreendem esta nova perspectiva e desenvolvem com bastante facilidade o seu trabalho. Já outros apresentam uma série de barreiras, sobretudo, com relação a “não saber o que fazer” com o aluno deficiente. Há também aqueles que alegam “a falta de estrutura” dos sistemas escolares – salas lotadas, espaços reduzidos, falta de assistência psicopedagógica etc. Esses mesmos argumentos são utilizados quando são tratadas as questões do fracasso escolar. O que se observa de fato é que se de um lado estão profissionais que, nas mesmas condições, atendem a seus alunos de forma eficiente, do outro estão aqueles que ainda precisam ser sensibilizados para compreender a perspectiva da inclusão escolar.
No presente artigo, o objetivo principal é o de chamar atenção para uma realidade que se apresenta em nosso país no âmbito educacional, já que fora dele diversos setores da sociedade começam a operar mudanças, ainda que lentas, em direção a um processo de inclusão. Haja vista, as empresas que vêm destinando cotas de empregos para pessoas com deficiências, bem como oferecendo a elas uma série de benefícios sociais – transporte, equipamentos apropriados, terapias especificas etc.
O fato é que não podemos perder a oportunidade de avançar na perspectiva de uma nova revolução social, em cuja base estão as concepções interacionistas formuladas pelos grandes mestres da humanidade. Podemos, com isso, também afirmar que uma verdadeira revolução educacional faz-se necessária para de fato possamos dizer que estamos fazendo uma Educação Inclusiva.


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